Eram aquelas sextas-feiras em que você fica ansioso para que cheguem logo, mas que quando chegam parecem o dia de Murphy. Ele tinha vontade de explodir a professora e mais da metade da sala, e achava que ninguém no mundo estaria naquela hora com mais ódio no coração que ele. Estava realmente exausto, mas sabia que era só uma questão de chegar em casa, jogar os livros, tomar um banho, comer os amendoins que eram a cara dela para enfim ligá-la.
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Ela estava realmente feliz. Não que as coisas estivessem perfeitas para que ela assim estivesse, mas era como a mãe dela dizia: "Você nasceu meio-dia menina. Quando o sol estava no ponto mais alto do céu, e assim como ele você tem um brilho que só ele tem." Ela era assim, carregava um brilho uma vontade de viver que só o sol explicaria. Desfrutava de um cansaço feliz ao caminhar de volta para casa com duas telas e uma sacola com bisnagas, tintas e pincéis.
Caminhava para casa usando sempre o mesmo caminho para poder ver um jardim de girassóis que eram a cara dele, ou melhor, o sorriso dele.
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Chegou em casa, jogou os livros, tirou a roupa e foi pro banheiro numa pressa de homem. Cantarolava como o famoso filme do homem cantando na chuva. Se acalmou, era capaz de esboçar um sorriso agora. Ligou o computador pensando se ela estaria on naquela hora, e foi pra cozinha preparar algo pra comer. Pensava que há uns meses atrás ele estaria bem mais nervoso. Como no dia em que a conheceu.
Estava realmente nervoso, suas mãos suavam e sentia um frio no estômago absurdo, não que ele não gostasse daquilo mas é que era orgulhoso demais para deixar que ela percebesse. Ela era bela. Tinha um corpo de violino, quadris largos, cintura fina e seios pequenos proporcionais ao seu tamanho.Combinaram de se ver à beira-mar, nada demais uma caminhada, um sorvete e uma boa conversa. Seu cabelo comprido esvoaçava no vento, quando ele a viu. Ela estava de olhos fechados, inspirando fundo o que de lembrar provoca nele profundos sorrisos.
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Enquanto ela admirava os belos girassóis começou a ventar. Ela fechou os olhos pra inspirar profundamente, era algo que fazia desde criança por ter morado perto dos campos onde o ar era puro de verdade. Além disso ela lembrava dele. Da primeira vez que o encontrou ele a olhava com curiosidade, como ela já sabia que faria. "Maldito observador, não sou seu rato de laboratório.", ela dizia. Não era o homem mais belo do mundo, mas seu sorriso compensava. Era alto, com bom porte físico e usava cores claras que combinavam com o tom de sua pele. Foi um belo encontro. Quando os dois põem-se a se lembrar, ele diz orgulhosamente que ela estava inspirando fundo pra se livrar do nervosismo que ele causava. Já ela ri, e diz que pelo atraso dele, o maldito observador estava tão nervoso que demorou meia hora pra criar coragem e ir falar com a mulher que invadiria seus pensamentos e todas as outras partes de seu corpo.
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Levou a comida para a frente do computador. Ela não estava on, resolveu deixar status ausente para evitar conversas vazias. Pegou o telefone e foi ligar pra ela. Ela não estava em casa. Pensou onde ela estaria àquela hora e foi ligar pro celular. Estava desligado. Ficou frustrado e irritado, como sempre. Resolveu ajeitar algumas coisas e esperar.
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Chegou em casa ofegante e um pouco molhada da chuva, da qual corria para não molhar seus materiais. Ainda assim sorria. Deixou as coisas na mesa e as telas para secar para a surpresa do dia seguinte. Foi tomar um banho com a preguiça de uma mulher, colocando antes uma música para tocar. Se arrumou com sua camisola confortável, comeu alguma coisa enquanto ligava o computador e organizava seus materiais de faculdade. Olhou para a sua cama e não resistiu, resolveu deitar e cheirar o Snoopy que tinha o perfume dele. Fechou os olhos pra imaginar melhor e acabou por pegar no sono, esquecendo do computador ligado, do celular descarregado e de todo o trabalho sempre acumulado.
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Cansou. Ligou mais vezes pra ela, esperou o tempo todo na internet e ela não apareceu. Se perguntou seriamente o que teria acontecido. No auge do cansaço acabou por dormir irritado, pensando na tal surpresa da qual ela falava pro dia seguinte. Esperava ao menos sonhar que seus cheiros um dia estariam na mesma cama.
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