domingo, 23 de maio de 2010

Cansou


Nasceu, sentou, andou, correu, envergou e cansou...
Sentou-se no banco da praça na beira da praia, fechou os olhos e deixou as lembranças lhe tomarem.
Pensou em todas as preocupações que carregava e das quais foi desistindo ao longo do caminho.
Lembrou das besteiras que falava, do jeito como gritava e das mentiras furiosas e verdades dolorosas que proferia.
Riu sozinho. Tinha coisas boas pra lembrar, histórias mil pra contar.
Não chorou, mas fechou a boca em uma linha como se confirmasse experiências sofridas mas necessárias para seu crescimento.
Uma parte de si lamentou. Como podia tudo ter passado tão rápido.
Outra parte de si se regozijou, tinha feito o que lhe parecia correto. Tinha acertado, tinha errado, tinha aprendido ou não.
Nada ia mudar agora.
Estava cansado.
Cansado demais para reinvindicar, lutar, reclamar e chorar. Só tinha forças pra sentar no banco da praça e se lembrar do que um dia teriam sido os verbos amar, saudar, sofrer e caminhar.
Não estava alegre ou triste.
Era como se tivesse parado no tempo pra observar os outros ou ele mesmo.
Se sentia apenas um velho, com pena dos que alma velha têm sem nem tentar viver.

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