domingo, 26 de dezembro de 2010

Insuportável cansaço

Irritada.
Acordou sem nem saber se tinha chegado a dormir. A noite que era sua companheira mais doce tornou-se angustiante.
Estava tão cansada.
3 dias de fim de ano extremamente cansativos.
No primeiro cobriu a escrivaninha e a almofada de lágrimas.
No segundo além das lágrimas vieram a ressaca matutina de bebidas que não tinha bebido e imoralidades que não tinha cometido.
No terceiro vieram os pesadelos vivos e as fortes enxaquecas.
Corpo e alma precisando terminar mais um ciclo como uma fênix de água, metáfora que ela amava de coração. Não aguentava mais um dia naquele ano que ela tanto pediu que passasse.
Precisava se renovar. Precisava deixar corpo, coração e alma morrerem para nascer de novo como sempre fazia mas dessa vez parecia que não conseguia. Seu coração relutava em viver, em acreditar, enquanto o corpo todo pedia deixe-me ir eu não aguento mais tantas flagelações.
Estava com medo. Sabia que quando até o coração da fênix virava cinzas mais difícil era pra ela renascer, seu coração poderia petrificar e não era isso o que ela queria. Não que ela quisesse a dor, ela só queria ter certeza de que poderia renascer normalmente.
Odiava quando ouvia "Você não é mais a mesma.", porque sempre se renovava ao ponto de nem saber quem tinha sido e, não sabendo como poderia melhorar se não sabia o que fora? E se não houvera sido melhor porque o pesar na frase?
Estava tão cansada que nem conseguia mais fingir sorrisos, gentilezas e educação. Era quando começava a se isolar de tudo. "Uma vez tão bela pelo meu sorriso porque hei de mostrar a eles tanta armagura, tanta insatisfação em lábios que involuntariamente se curvam pra baixo, cansaço em olheiras profundas, e tristeza em olhos inchados?"
Pros mais íntimos conseguia dizer simplesmente : "Não estou bem." Esperando ouvir sempre as mesmas palavras consoladoras, quando na verdade desejava o toque de um abraço quente e silencioso.
Pra família, desligava a luz e fingia dormir pra esconder as lágrimas. Passava a maior parte do tempo no quarto recusando os convites pra sair. Se movimentava quando havia pouca gente na sala. Mas ainda buscava um pouco de aconchego conversando sobre assuntos banais e sentando do lado para olhar a tela da TV com olhos vazios.
Pro sorriso infantil que a acordava todas as manhãs ela agradecia uma pequena grande razão pra continuar a viver.

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